Mãe ou Babá?
Tem me chamado a atenção a questão das babás. Nos atendimentos que faço e em outras ocasiões, tenho percebido o envolvimento das babás e suas crianças. Sim, suas crianças. O que me chama a atenção é que a relação estabelecida entre as duas é uma relação de muito afeto, carinho, preocupação, respeito, enfim, muito positiva. E a mãe?
Por conta do tempo que as babás dedicam as suas crianças, elas se tornam uma referência de figura feminina. Quando têm alguma novidade para contar, contam para a babá; quando querem saber alguma coisa, perguntam para a babá; quando precisam de limite, é a babá quem dá; quando querem colo, pedem para a babá. E a mãe?
As babás estão em todos os momentos com a criança e participam de forma integral de seu processo de crescimento e desenvolvimento, tornam-se pessoas de fundamental importância para o equilíbrio emocional dela. Às vezes, dormem na casa, às vezes dormem no mesmo quarto.
Algumas situações que já presenciei: mãe, babá e uma criança num parque. A criança brincando, a babá cuidando e a mãe sentada próximo com um telefone, "ocupada". Quem se fazia presente era a babá e todas as intervenções foram feitas por ela, desde os cuidados a serem tomados com o espaço até como proceder com os colegas que queriam dividir o espaço. E a mãe?
Outra: mãe, babá e duas crianças de 2 e 4 anos, aproximadamente, num fast-food. A criança quer um lanche com brinquedo e, em vez de pedir para a mãe, se vira para a babá e pede: "Eu quero esse brinquedo, posso?" E a mãe?
As mães devem estar muito ocupadas, pois mesmo junto não estão presentes. Ao observar algumas destas situações, penso em algumas hipóteses: Será que elas não sabem ser mães? Será que não querem se incomodar com as questões que vêm junto com a maternidade? Será que não têm paciência com crianças?
O que me preocupa é a inversão de papéis. As babás têm uma função, que é a de tomar conta da criança, cuidar e atendê-la em suas necessidades, mas estão assumindo o papel de mãe, que é a mulher mais importante da vida de uma criança. A mãe não orienta a babá a intervir segundo suas crenças e valores, a proceder segundo o que a família acredita. A mãe simplesmente permite que seus filhos sejam educados segundo crenças e valores de outra pessoa.
As mães dão todas as condições da criança ter uma vida muito boa, com muitos brinquedos, com muitas viagens, com muitos eletrônicos e com babá. Será que é isso que a criança precisa?
Em primeiro lugar a criança quer uma mãe que a olhe nos olhos, que dê beijo ao deitar, que leia história, que brinque, que se divirta, que dê limites, que mostre a importância que seu filho tem, não com o que o dinheiro pode comprar, mas com o que o coração pode dar: amor.
Não sou contra as babás, muito pelo contrário. Neste quadro descrito acima, elas são de fundamental importância para as crianças. Sou a favor das mães, do envolvimento das mães com seus filhos.
Que as mães tentem estar com seus filhos por um tempo diário e, que neste tempo, estejam para eles, brinquem com eles, ensinem o que acham importante da vida, contem sua história com seus pais, o que gostavam e o que não gostavam, façam-nos rir e se divirtam com eles. Este tempo será o melhor investimento que vocês farão para que eles cresçam com saúde e felizes! Mesmo com dificuldades, tentem!