A Inclusão No Contexto Escolar
A escola é um ambiente de aprendizagem que ao longo dos anos tem se transformado progressivamente em um ambiente social. Sem adentrar nos motivos dessas mudanças, observamos que atualmente as crianças têm acesso a uma maior quantidade de informações de diferentes naturezas, porém, muitas vezes, estão menos preparadas para lidar com seus próprios problemas. Segundo uma reportagem do site da UOL, na coluna VivaBem, disponível em 02/04/2024, o número de crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) aumentou 48% de 2022 para 2023 nas salas de aula brasileiras.
Os professores se preparam da melhor forma possível, buscando formações continuadas, especializações e realizando investimentos significativos para lidar com essa realidade, a qual muitas vezes não é abordada nos cursos de formação inicial. Eles se encontram em uma posição desafiadora e muitas vezes sem autonomia para conduzir a sala de aula da maneira que foram ensinados.
Em suma, a escola mudou.
Mas como estão se desenrolando as relações dentro da escola? Como está sendo desenvolvido o trabalho de inclusão nas instituições que necessitam de mais apoio, preparo e parceria?
O trabalho de inclusão é um processo de investimento e descobertas diárias, uma vez que a comunicação não se dá apenas através da linguagem, mas também por meio do corpo, da relação, do afeto e da aceitação. As crianças com necessidades especiais frequentemente possuem uma sensibilidade mais aguçada e desenvolvem mais intensamente seus processos psicológicos básicos, como sensação e percepção, uma vez que sua comunicação verbal muitas vezes é limitada. Em outras palavras, elas sentem mais e percebem mais.
Incluir é aceitar. Incluir é encontrar formas de comunicação que vão além das palavras. Incluir é encontrar maneiras de guiar o outro rumo ao desenvolvimento. É importante ressaltar que SEMPRE há um caminho. TODAS as crianças aprendem de alguma forma. Incluir é descobrir essa forma, embora dificilmente seja a mesma forma pela qual o professor aprendeu na faculdade ou em experiências anteriores em salas de aula tradicionais.
Cabe ao professor, como mestre da sala, encontrar essa via de comunicação. Quanto mais distante ele se sentir do aluno (e aqui estamos falando de inclusão, mas na minha opinião, isso se aplica a qualquer aluno), mais difícil será encontrar esse caminho. Estamos falando de relação, do elo invisível que liga um ser ao outro, que chamamos de vínculo. Quando esse vínculo não se estabelece, o aluno fica à margem do grupo, sem lugar, sem pertencimento, sem referência, sem identidade no grupo. E não há como aprender nessas circunstâncias.
Alguns pontos para refletir sobre a inclusão:
- A criança deve ser tratada da mesma maneira que todas as outras – as regras devem ser as mesmas para todas as crianças. Ela não é diferente, apenas tem necessidades diferentes e aprende de forma diferente.
- Se o professor não acreditar nela, a dificuldade será maior – É preciso compreender que uma criança com necessidades especiais não alcançará os mesmos resultados que uma criança com suas capacidades cognitivas preservadas, mas sempre aprenderá algo.
- Buscar ajuda – Pensar em conjunto com a equipe qual a melhor forma de inclusão – fazer parcerias e obter apoio são sempre importantes.
- Assumir a responsabilidade – O aluno é responsabilidade do professor e não dos auxiliares ou tutores. Eles são um suporte importante para o grupo todo.
Minha experiência já me permitiu presenciar e vivenciar situações que só seriam possíveis com uma forte crença, um bom vínculo e muito amor pela profissão. Deixo aqui a certeza de que é possível, é belo e que o maior beneficiado com todo o processo é o próprio professor.
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